O realizador Pedro Almodóvar acusa o governo de Madrid de ter um plano para exterminar o cinema espanhol. Após o anúncio de novos cortes nas verbas destinadas ao cinema em 2014, o mais conhecido de todos os cineastas espanhóis publicou na internet um texto muito crítico.
Pedro Almodóvar considera que o governo de Mariano Rajoy lançou um plano rigoroso que tem como objetivo exterminar o cinema espanhol.
O cineasta responde, assim, ao ministro da Fazenda e Administrações Públicas, Cristóbal Montora, que afirmou que a crise no cinema espanhol se deve à qualidade dos filmes e não ao IVA ou à austeridade.
Num artigo que escreveu na página eletrónica do jornal "Info Libre", Almodóvar lembra que alguém deveria dizer aos ministros da Fazenda e da Cultura que há países europeus onde a taxa do IVA não chega perto da taxa em Espanha.
Como exemplo, Almodóvar dá o imposto para a cultura em França que é de sete por cento e que, no próximo ano, vai baixar para cinco, em Itália que é de 10 por cento e na Alemanha de 11 por cento. Em espanha, o IVA é de 21 por cento, o que, para o cineasta espanhol, está a destruir o cinema.
O realizador reconhece que os tempos mudaram e que as pessoas têm outros hábitos no que diz respeito ao consumo de cultura, mas escreve que em França, por exemplo, a era é a mesma e as pessoas lá continuam a consumir cinema.
Pedro Almodóvar diz que não tem dúvida de que a perseguição aos cineastas espanhóis começou em 2003, quando a classe se manifestou contra a participação de Espanha na guerra do Iraque.
Mais uma vez compara a realidade espanhola com os Estados Unidos, onde os artistas se manifestam de forma livre. Almodovar define o ministro da Fazenda e das Administrações Públicas como um personagem sem qualquer pudor e remata:: «Se o senhor ler este texto, o que duvido, suponho que pensará que está escrito em chinês».