A Fundação de Serralves, a Secretaria de Estado da Cultura e o realizador Manoel de Oliveira assinaram hoje um protocolo para a construção da Casa do Cinema - Manoel de Oliveira.
Na cerimónia, o realizador, com 104 anos, declarou-se "muito sensibilizado por este momento excecional", enquanto o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier enalteceu as qualidades do cineasta.
"Manoel de Oliveira é, como bem sabemos, uma das grandes instituições culturais portuguesas. As instituições não são só edifícios, há edifícios que são pessoas e Manoel de Oliveira é certamente uma das grandes construções de Portugal do século XX e do século XXI"", afirmou.
O espaço que irá acolher o espólio do realizador será dotado de um anfiteatro e de um local para exposições e vai ser erguido no extremo nordeste do Parque de Serralves, com um projeto do arquiteto Siza Vieira que aproveitará a antiga garagem do conde de Vizela.
Braga da Cruz, presidente do Conselho de Administração da Fundação de Serralves afirmou no momento que este "era um projeto com que todos ganham".
"Ganha o cinema, ganha a dinâmica em torno da cinematografia de Manoel de Oliveira e oferecemos mais um polo de interesse dentro de Serralves, disse.
Ainda sem utilidade à vista fica um outro edifício construído pela Câmara do Porto, um projeto de Souto Moura, que se destinava justamente a albergar o espólio do realizador. O secretário não deixou de se referir a isso afirmando saber que o atual executivo "tem todo o interesse em trabalhar em caminhos para a projeção de Manoel de Oliveira" e que o Governo procurará ajudar a encontrar "soluções para que não fique um edifício não utilizado no Porto".
No momento o secretário de Estado afirmou que Manoel de Oliveira é "um exemplo de vida porque na proximidade de fazer os seus 105 anos" a primeira coisa que lhe disse foi: "Onde é que está o dinheiro para eu fazer o meu próximo filme?"
Interrogado pelos jornalistas sobre que resposta tinha dado a Manoel de Oliveira, o secretário de Estado da Cultura confessou que sorriu "amargamente, porque o momento não é fácil".
